terça-feira, 22 de novembro de 2016

Marraquexe em Clima de decisões para o Clima planetário

Victor Cavaco, membro da Comissão Executiva Nacional de Os Verdes e do Coletivo de Setúbal, escreve no Diário do Distrito sobre a 22ª Conferência das Partes para as Alterações Climáticas, que terminou há dias em Marraquexe:

Marraquexe em Clima de decisões para o Clima planetário

Decorreu de 7 a 18 de novembro, em Marraquexe, Marrocos, a 22ª Conferência das Partes para as Alterações Climáticas, que dará continuidade às tentativas de entendimento entre os diferentes países para tomarem medias que travem as alterações climáticas.
 
Já ninguém duvida de que as alterações climáticas são reais e estão diretamante relacionadas com a atividade humana, muito em especial com um modelo de desenvolvimento que se baseia na dependência do petróleo e seus derivados, lançando para a atmosfera significativas quantidades de gases com efeito de estufa (GEE).
 
Os verões cada vez mais quentes, com as suas graves consequências, nomeadamente ao nível dos fogos florestais, as tempestades e chuvas intensas quase tropicais em curtos espaços de tempo, a notória subida do nível médio das águas do mar e consequente destruição da linha de costa, são fenómenos climáticos extremos cada vez mais presentes nomeadamente no nosso país.
 
O Acordo de Paris, conseguido o ano passado, pretende ser o passo seguinte a um falhado Protocolo de Quioto. Na agenda de Marraquexe está a tentativa dos países signatários em definir os mecanismos para atingir estes objetivos de Paris: Travar a subida da temperatura média do Planeta nos 2º Celsius acima dos valores pré-industriais, ou mesmo manter essa subida abaixo dos 1,5ºC.
 
Isto só se conseguirá se se criarem condições para reduzir drasticamente a dependência do petróleo e hidrocarbonetos, nomeadamente investindo numa outra forma de mobilidade que contrarie a utilização do transporte individual, nomeadamente o automóvel.
 
Torna-se por isso vital desenvolver uma rede eficiente de transportes públicos. Esta é uma questão que Os Verdes têm, desde há longa data, inscrito nas suas iniciativas, campanhas e manifestos. Uma rede de transportes públicos acessíveis, com horários compatíveis, nomeadamente na intermodalidade, e com uma forte valência do transporte sobre carril. Uma bandeira dos Verdes também espelhada neste Orçamento de Estado para 2017 onde propomos incentivos à utilização dos transportes públicos com redução do preço do passe social para os jovens universitários e a dedução ao nível do IRS das despesas com o passe social.
 
Temos também insistido na grande necessidade de incentivar e apoiar a produção e o consumo local como forma de reduzir drasticamente a necessidade do transporte, rodoviário ou marítimo de mercadorias a grandes distâncias.
 
E numa lógica de redução da dependência do petróleo e da emissão de gases com efeito de estufa não faz sentido nenhum celebrarem-se contratos de concessão de pesquisa e exploração de hidrocarbonetos no nosso país, nomeadamente no Algarve e Alentejo. É um imperativo para um futuro limpo terminar estas concessões.
 
Tornemo-nos mais dependentes do sol e menos dependentes do petróleo.

Sem comentários:

Enviar um comentário