terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Desata-se a revolta na Moita – Transportes públicos não servem a população

Opinião|Desata-se a revolta na Moita – Transportes públicos não servem a população



No concelho da Moita, a incompatibilidade de horários, a par da eliminação de duas carreiras a 303 e a 327, da diminuição da frequência e da redução do percurso da carreira 333, ocorridos no ano transacto, enseja uma reorganização do sistema de transportes públicos que permita ao utente uma rede integrada de operadoras, que possibilite ao utilizador optar pelas ligações mais convenientes.

A olhar e a preocuparmo-nos sempre com a nossa terra, este inicio de ano não deixa de ser um começo de incógnitas diante da “inviável” compatibilização dos horários do transporte público, na Península de Setúbal, praticados pelas empresas TST-Transportes Sul do Tejo e pela Soflusa ao longo destes últimos anos.













É nesta senda que as incógnitas só podem trazer preocupação neste início de ano, visto que o funcionamento do sistema de transporte público no concelho da Moita que liga aos concelhos limítrofes (Barreiro e Montijo), e a ligação a Lisboa, apresenta um nível de integração muito baixo.
Os TST – Transportes Sul do Tejo – justificam a supressão de carreiras e a redução de percursos com a crise que se faz sentir em Portugal, com a necessidade de um melhor ajuste de horários e percursos e também com a necessidade de reestruturação das rotas que ligam as freguesias do Concelho da Moita ao Barreiro, Montijo, Palmela e, também, a outros Concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, como por exemplo, ao Concelho de Lisboa. Esta situação é preocupante a vários níveis, desde a falta de coordenação entre os horários das operadoras envolvidas, à falta de títulos de transporte válidos em mais do que uma operadora, passando pela falta de coerência da rede actualmente em serviço. A oferta é manifestamente insuficiente em diversas áreas e, em algumas zonas, os níveis de cobertura são claramente deficientes.
Afigura-se também oportuno sublinhar a necessidade de recentrar o sistema de transportes, colocando o utente como elemento central de uma apreciação, de um estudo integrado da mobilidade urbana, por oposição à propensão verificada nas últimas décadas, desenvolvida sobretudo a partir da óptica de cada uma das operadoras, que justificam a tomada de medidas alegando a uma optimização do serviço.
De facto, o caminho que tem vindo a ser percorrido não garante a satisfação e o bem-estar da população em geral, uma vez que, quem reside no concelho da Moita e tem que se deslocar diariamente para o Barreiro, Montijo ou Lisboa, vê-se confrontado com a referida supressão de algumas carreiras, aumentando assim o tempo de espera, penalizando a qualidade de vida dos cidadãos que, em circunstâncias normais, já encontram inúmeras dificuldades.
DESATA-SE A REVOLTA na Moita quando se constata que os TST, em lugar de reforçar as carreiras e compatibilizar os horários destas com os horários da ligação fluvial do Barreiro/Lisboa/Barreiro, deixam desprovidos de transportes públicos os residentes deste concelho, que se vêm, assim, forçados a utilizar a viatura individual nas deslocações para o trabalho.
Ora, esta forma de encarar a mobilidade dos cidadãos, cujo pressuposto assenta na rentabilidade das empresas e não na prestação de um serviço publico de qualidade, na satisfação de um direito, que é o direito à mobilidade, está a penalizar fortemente as populações da Moita e devia merecer mais ponderação dos Governos quando decidem privatizar as empresas, nomeadamente as empresas de transporte.
Na verdade, a mobilidade das pessoas, para além de constituir um direito em si, representa ainda um instrumento fundamental de acesso a outros direitos, nomeadamente o direito à saúde e à justiça, sobretudo quando as populações são confrontadas com Governos que mais não fazem do que encerrar serviços públicos, o que reforça naturalmente a necessidade de olhar para a mobilidade como um direito essencial das pessoas.
Mas este paradigma, no qual as empresas de transporte olham para as pessoas não como cidadãos que necessitam de ver os seus direitos garantidos, porque é, aliás, para isso que pagam impostos, mas como “clientes”, coloca ainda outra questão de natureza ambiental. É que as alterações climáticas constituem hoje uma das grandes preocupações da humanidade e, quando todos sabemos que uma das principais causas que provocam as alterações climáticas são os gases libertados pelos automóveis, torna-se absolutamente inconcebível que as “soluções” impostas venham sempre no sentido de “forçar” as pessoas a utilizar o automóvel individual, ao invés de se investir seriamente nos transportes públicos, garantindo a qualidade dos serviços prestados e sobretudo com preços socialmente justos, criando assim verdadeiros estímulos para se deixar o carro em casa.
Os interesses económicos continuam a estar, por opção do Governo, à frente dos direitos dos cidadãos e do ambiente.
Para impedir a prossecução destas medidas, o PEV – Partido Ecologista “Os Verdes”, estará sempre ao lado das populações, lutando por um País melhor. Um País harmonioso, um País em que o engenho encontra a natureza para fazer de cada homem e de cada mulher um ser pleno e feliz.
O PEV continua a defender que só uma oferta qualificada do serviço público de transportes, em que é fundamental o aumento da frequência e de abrangência geográfica, pode dinamizar e contribuir para o desenvolvimento do transporte coletivo de passageiros, em detrimento da utilização de meios próprios. Ou seja, qualquer alteração aos percursos e horários deve ter sempre em linha de conta o interesse da população do concelho da Moita.
Estas situações repetem-se todos os anos e não se antevê a “luz no fundo do túnel”, uma solução que aposte seriamente nos transportes públicos, alterando substancialmente todas as situações que dificultam cada vez mais a vida de quem necessita de se deslocar, sobretudo quem trabalha durante o ano inteiro e não goza férias no mês de Agosto.
É caso para nos questionarmos:
“Porque se aumentam constantemente os preços dos títulos de transportes e não se aposta seriamente na substituição da frota dos autocarros, o que penaliza a qualidade de vida dos cidadãos que pagam caro por um título de transporte?”
“Porque não se aposta na reposição de carreiras?”
“Porque é que não há um reforço de frequência de carreiras?”
“Porque é que não há compatibilização dos horários entre as várias redes de transporte?”
Por considerarem que a opção pelo uso do transporte público de qualidade, em detrimento do uso excessivo do transporte individual, representa uma premissa indispensável para uma política sustentável de transportes, “Os Verdes” continurão a reclamar por um serviço de transporte público de qualidade, amigo do cidadão e do ambiente.
O PEV continuará a exigir uma política de transportes sustentável, que assente na criação de condições para que as pessoas possam ver no transporte público uma verdadeira e efectiva alternativa à utilização da viatura individual. O que passa, não só, por um investimento sério no transporte público, tanto ao nível da qualidade das frotas, como ao nível da articulação dos vários operadores, como também no que diz respeito à variável que mais peso representa nas opções dos cidadãos: preços socialmente justos nos títulos de transporte.
artigo de opinião de Jorge Taylor - Dirigente nacional de “Os Verdes” (Moita) publicado no distrito online

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