quinta-feira, 6 de agosto de 2015

«CONSTATAR FACTOS NÃO É DIZER MAL!»

Por Jorge Manuel Taylor

Moita

«CONSTATAR FACTOS NÃO É DIZER MAL!»<br />
Por Jorge Manuel Taylor<br />
Moita38 anos responsáveis pelo desemprego, pela fome que atinge cada vez mais familias, pela pobreza que alastra, pela perda de direitos sociais e laborais, pela delapidação do nosso património coletivo e pela fragilização dos serviços públicos.

Ao ler o artigo da edição de agosto da revista Exame, sobre “Os 25 mais ricos de Portugal, com Américo Amorim no topo, seguido de Alexandre Soares dos Santos e depois por Belmiro de Azevedo, com um património avaliado em cerca de 14,7 mil milhões de euros, o que corresponde a 8,5% do PIB nacional (173 mil milhões de euros) ”, reforço ainda mais a minha indignação com o tipo de política praticada nos últimos anos.

Apesar da crise, há pessoas que enriquecem de forma desigual ao mesmo tempo que batemos records de pobreza, ao atingirmos os 3 milhões, cerca de 30% da população, como afirmava, em 2012, o presidente da Rede Europeia Anti Pobreza. É ofensivo!

O Governo está, apenas, nítida e claramente preocupado em procurar formas de se manter no poder, em como tudo transformar em mercadoria, tudo transformar em lucro, sendo visiveis as ligações do poder económico ao poder politico e de que a privatização da EGF é o exemplo mais claro. Ora, esta forma de encarar os cidadãos, cujo pressuposto assenta na rentabilidade das empresas e não na prestação de um serviço publico, na satisfação de um direito, penaliza fortemente as populações, quando devia merecer mais consideração dos Governos quando decidem privatizar as empresas.

Não existe o mínimo interesse em trabalhar, em realizar um trabalho realmente construtivo em que o POVO venha em primeiro lugar, ou em segundo, ou até mesmo em terceiro, mas que se pense nele. É imprescindível centrar a política no povo e nas necessidades de desenvolvimento sustentável do País.

A par de alguns desvios de verbas públicas injustificadas, de um Presidente da República inativo, de um governo desorientado pelas mentiras e marcado pelo favoritismos, de alguns políticos com assento, também, em empresas são os mesmos que elaboram leis, que favorecem o compadrio, de uma sociedade a estimular a corrupção recorde-se, os casos do Freeport, dos Sobreiros, dos Submarinos, dos Vistos Gold e tantos outros, o que se tem visto nos últimos anos trata-se basicamente do resultado de 38 anos de politicas de direita que continuam a destruir o país, a empobrecer os portugueses, a permitir que as grandes empresas, como o “Pingo Doce”, coloquem a sua sede fiscal no estrangeiro para não pagarem impostos sobre os rendimentos que sacam no nosso País, a “amparar” os bancos, que quando dão lucro, dividem os lucros entre os acionistas, quando dão prejuizo, o Governo chama o povo para pagar a factura da irresponsabilidade dos banqueiros.

38 anos responsáveis pelo desemprego, pela fome que atinge cada vez mais familias, pela pobreza que alastra, pela perda de direitos sociais e laborais, pela delapidação do nosso património coletivo e pela fragilização dos serviços públicos.

38 anos de ineficiência que todos nos lembramos: do PSD de Cavaco Silva; do PS de Gueterres; do PSD-CDS de Durão Barroso; do PS de José Sócrates e, finalmente, do PSD-CDS de Passos Coelho e Paulo Portas que prometiam na campanha eleitoral que não aumentariam impostos e que os subsidios eram intocáveis, todavia, uma das primeiras medidas, depois das eleições, foi aumentar impostos de quem trabalha, cortes nos subsidios de férias, natal, salários e pensões e mais horas de trabalho semanal. Despedimentos no sector público, facilidades nos despedimentos do privado e cortes nos apoios sociais. A par da extinção de freguesias, aumento das taxas moderadoras, das propinas e privatização de importantes empresas como, a título meramente demostrativo, ANA, CTT, ENVC, PT, EDP e das privatizações que estão na agenda, TAP, EMEF, CP, Metropolitano de Lisboa, Carris, Transtejo, Soflusa, STCP, Metro do Porto e as Pousadas de Juventude, entre outras.

Este universo de cortes, sacrificios e mentiras, que seriam de natureza provisória, só enquanto a Troika cá estivesse, foi mais uma mentira! O que tinha caracter provisório passou a definitivo! A Troika foi embora mas as politicas de austeridade ficaram. Os sacrificios das pessoas contrastam com os volumosos recursos financeiros que continuam a ser canalizados para a banca e por fim, as mentiras, “diziam que não havia dinheiro para repor salários e pensões ou para aliviar a carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho”, porém, nunca faltou dinheiro para a banca.

Onde está o pleno exercício do dever constitucional de governar para o povo? Onde estão os projetos e leis que beneficiam o país num todo? Ninguém sabe!

É este o resultado de todas as politicas de austeridade que interessa avaliar:

• A austeridade destruiu a nossa produção. Entre 2008 e 2014 o PIB caiu 6,6%;
• Foram destruidos mais de meio milhão de postos de trabalho;
• 400 mil portugueses emigraram;
• Aumentou o número de falências de empresas, sobretudo as Micro, Pequenas e Médias Empresas;
• Diminuiram serviços públicos;
• Empobrecimento generalizado das familias, enquanto que 1% da população detém cerca 25%, da nossa riqueza nacional, 5% da população acumula 50% da riqueza;
• Os salários da Administração Pública caíram 26% e os do sector privado caíram 13%, simultaneamente, as empresas do PSI-20 distribuiram aos seus acionistas, em 2014, 1,89 mil milhões de euros em dividendos respeitantes aos lucros de 2013, mais 170 milhões do que o montante distribuído no ano anterior. Sendo que algumas dessas empresas pagaram dividendos superiores ao valor dos seus lucros, como o caso da Sonae SGPS, ZON/NOS, EDP e PT;
• Os 25 mais ricos de Portugal têm um património avaliado em cerca de 14,7 mil milhões de euros, o que corresponde a 8,5% do PIB nacional (173 mil milhões de euros).

É o resultado das politicas dos últimos 7 anos que importa reter, depois de tantos sacrificios a divida pública, que era de 68,9% em 2008, passou para 130,2% do PIB em 2014. Uma divida insustentável. Tantos sacrificios, tanta austeridade para quê?

Porém, “Os Verdes” têm soluções e alternativas para o País:

• A renegociação da dívida, a única forma de criar condições para pagar 9 mil milhões de euros por ano. Montante que é fundamental para devolver salários, pensões, bem como, para canalizar recursos para pôr a economia a andar, para pôr o País a produzir. Por isso é essencial renegociar a dívida de forma a libertar recursos para a economia, para podermos produzir, criar riqueza e criar condições para pagar a dívida.
• A recuperação da nossa soberania, tendo em conta que esta perda de soberania levou a que as questões essenciais da vida do País, deixassem de estar na mão dos portugueses, para estarem a ser ditadas por uma europa muito pouco democrática, transformada num instrumento do neoliberalismo ao serviço dos senhores do dinheiro. Uma europa que é cada vez mais dos mercados. É necessário, igualmente, libertarmo-nos do Tratado Orçamental, para recolocar as pessoas e os problemas do País em 1.º lugar e para que possamos definir as nossas prioridades orçamentais, sem os actuais constrangimentos e limitações impostas pelas regras do Tratado Orçamental.

Constatar factos não é dizer mal. É querer romper com este ciclo de alternância política de injustiça, de empobrecimento e fragilização económica, para que os portugueses possam respirar de novo! Está nas nossas mãos...

Artigo de opinião de Jorge Manuel Taylor
*Dirigente Nacional do Partido Ecologista “Os Verdes”, publicado no Jornal Rostos

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