sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Rui Lopo escreve no Diário do Distrito sobre transportes

Esta semana conturbada na política de transportes nacional, dominada pela opção liberal de tolerar um regime excecional em prol de uma encapotada modernidade, tecnologia ou serviço, esquecendo ou ignorando a racionalidade económica da diversidade de atores económicos (os bons e os maus, os que trabalham bem e os que trabalham mal), a reprodutividade que essa economia gera, o mesmo que os processos oligopolistas tipicamente prejudicam.

Os táxis são um meio de transporte. É certo que precisam de se modernizar, de melhorar o serviço que prestam, adaptar-se às novas realidades da sociedade, mas não podem ser prejudicados por interesses que se conjugam, não apenas porque a tecnologia o permite, mas porque pretendem ser verdadeiramente açambarcadores do mercado existente.


E assim paramos, e assim estamos quase parados, como se tudo o que estivesse mal na política de transportes do país fosse as plataformas digitais não regulamentadas (e, portanto, ilegais), momentos em que apesar dos importantes recuos nos processos de privatização, continuamos a aguardar por um investimento claro nos transportes públicos, no reforço da oferta, ou na disponibilização dos fundos comunitários para as renovações de frotas hoje tão importantes nos transportes das áreas metropolitanas.

Parámos para falar de plataformas tecnológicas, mas devíamos ter parado para falar de transportes públicos! Aqueles em que precisamos mesmo de investir de priorizar nas politicas públicas de mobilidade, sustentável, que promovem consistência territorial e equilibram socialmente o preço da deslocação, promovendo e concretizando uma mobilidade com direitos.

É preciso investir massivamente em autocarros novos, com qualidade, em formação dos recursos humanos, em informação digital e acessível a todos os cidadãos, como acontece em qualquer área metropolitana da europa. É a meu ver, muito mais importe do que qualquer regulamentação sobre plataformas digitais de transporte ilegal a operar no país.

Estabeleçamos as verdadeiras prioridades na política de mobilidade e transportes. Esperemos que a elegibilidade dos gastos em transportes para efeitos de IRS, demonstre que 2017 será um ano mais empenhado e mais focado neste importe catalisador da economia do pais e fator determinante para o cumprimento das nossas metas perante a conferencia das partes / Clima de Paris (COP21), e, portanto, o nosso modesto contributo para a sustentabilidade do planeta, mas significativo para a qualidade de vida das populações e qualidade do ar das nossas cidades.

Artigo de opinião de Rui Lopo, dirigente de Os Verdes, no Diário do Distrito, publicação da região de Setúbal.

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