quarta-feira, 16 de junho de 2010

SAÚDE – ISTO É UM PAÍS CIVILIZADO??


As condições de saúde na península de Setúbal, como de resto em demasiadas zonas do país, são muito precárias face às necessidades das populações. Promessas não têm faltado, o problema tem sido a sua concretização! Os exemplos do hospital do Seixal e do centro de Saúde da Quinta do Conde são flagrantes. É sobre este último que me vou debruçar, na sequência de uma deslocação que fiz na semana passada justamente à Quinta do Conde, onde tive a possibilidade de visualizar as condições autenticamente degradantes em que aquela unidade de saúde funciona.

O edifício é pré-fabricado, foi construído provisoriamente nos anos 80 para servir uma população de 4.000 indivíduos. O provisório tornou-se definitivo, sem condições para o efeito, e passou a servir uma população de mais de 30.000 habitantes, para o que não tem manifestamente capacidade, designadamente pela diminuta dimensão do espaço.
A degradação daquela unidade é também uma evidência: paredes repletas de vestígios evidentes de humidade, telhados com amianto e tectos revestidos a corticite profundamente degradados, o que leva a que quando os profissionais de saúde chegam de manhã às suas salas encontrem, em todas elas, partículas de corticite espalhadas pelo chão, incluindo no centro de enfermagem, o que, como é fácil de perceber, pela necessidade de higiene que aí se requer, torna a questão num caso de agressão à saúde, quando, supostamente as pessoas se deslocam a uma unidade onde se “fabrica” saúde.
As condições climatéricas do edifício são outro problema grave: os utentes ora são sujeitos a correntes de ar perigosas, ora se confrontam com um calor imenso no verão e um frio insuportável no inverno. Se o sistema de climatização (mais que desactualizado) é ligado, o quadro eléctrico não aguenta e dispara.
O sistema informático é das coisas mais precárias e atrapalha sobremaneira o bom funcionamento dos serviços, em vez de ajudar. Se um programa de despiste de utentes em espera é ligado num computador, imediatamente se desliga noutro gabinete, o que se torna altamente confuso e inoperacional.
A degradação desta estrutura é, há muito, reconhecida por todos. As promessas em torno da construção de um novo centro de saúde não faltaram durante anos e anos e, por essa via, eram introduzidas verbas em PIDDAC num ano e no outro ano, sem se perceber porquê, desapareciam do novo PIDDAC. Este foi o resultado da insensibilidade e da insensatez de vários governos. A população da Quinta do Conde esperou anos e anos pelo início das obras do novo centro de saúde, as quais finalmente tiveram lugar em meados do ano de 2009.
Ocorre que iniciadas as obras, quase de imediato o empreiteiro assegurou que não tinha condições para continuar a obra. Passou-se assim à solução do 2º candidato do concurso, que aceitou continuar a construção já iniciada.
Desde então, ou seja desde setembro do ano passado, as obras não reiniciaram. Como sempre, os processos burocráticos parece continuarem a empecilhar as obras fundamentais, a não ser quando o Governo se empenha verdadeiramente nos processos (muitas vezes não em prol das populações, mas sim de interesses económicos em jogo, o que é de lamentar). A construção do novo centro de saúde da Quinta do Conde, obra determinante para aquela vila não tem, manifestamente, tido o empenhamento do Governo. Há que saber quando retomam as obras e quando se prevê a sua conclusão. Foi essa a pergunta que hoje, na AR, dirigi ao Ministério da Saúde.

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