As relações entre a comunicação social, o poder político e o poder económico, constituem pilares fundamentais do universo em que se move a nossa convivência democrática. Trata-se de relações que se pretendem absolutamente transparentes num estado de direito democrático. Aliás, essa transparência, é uma exigência da nossa democracia.A Assembleia da República não podia, naturalmente ficar alheia, sobretudo quando há indícios de uma certa perturbação nebulosa na desejável transparência que envolve essas mesmas relações.
Dúvidas e interrogações que a Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar relativa à “Relação do Estado com a Comunicação Social e, nomeadamente à actuação do Estado na compra da TVI”, tem vindo a procurar dissipar.
É preciso esclarecer se houve ou não houve um plano do Governo para controlar os média, através da compra da TVI pela PT.
Como é que os Portugueses aceitam que a reunião onde se terá acertado o negócio da TVI, a 19 de Junho, tenha sido agendada apenas para tratar de aspectos relacionados com a internet, e acabou por se transformar na reunião que definiu a compra da TVI?
Até o anúncio publicitário de quem vai comprar um simples clip e acaba por comprar o escritório todo, parece neste quadro, mais credível do que a alteração de propósitos dessa reunião.
Ainda por cima nessa reunião terá estado também presente, sem se perceber muito bem a que titulo, o administrador nomeado pelo Estado, que pelos vistos, andava há mais de um mês a recolher informações e documentos sobre o negócio da TVI.
É necessário saber quem dentro da PT despoletou o processo negocial com a Prisa, com vista a aquisição de 30% da Média Capital, quem lhe pôs fim e com que motivação. Foram apenas motivações empresariais ou houve também motivações politicas?
Importa esclarecer, se houve ou não houve intervenção do Governo na suspensão do Jornal Nacional da TVI, e perceber os exactos moldes em que se processou o afastamento dos jornalistas Manuela Moura Guedes e José Eduardo Moniz.
É preciso esclarecer se houve ou não dependência dos meios de comunicação social face ao financiamento bancário e às encomendas publicitárias. Se houve ou não interferência do Governo para assegurar “Imprensa amiga”, privilegiando alguns órgãos de comunicação no acesso à informação e ocultando-a a jornalistas incómodos.
Todas estas respostas continuam ser procuradas no âmbito do trabalho da Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar, procurando o apuramento dos factos, procurando respostas para todas estas e outras dúvidas que estão instaladas, e que em nada contribuem para credibilizar a politica e as instituições democráticas.
Comprar uma estação de televisão, não é como ir ao mercado e comprar maças ou figos.
Comprar uma estação de televisão é muito mais do que isso, e não pode ser feita em segredo, porque se tratou de uma tentativa de negócio tão secreto, tão secreto, que nem o Sr. Primeiro Ministro sabia de nada (?).
artigo de opinião do Deputado de "Os Verdes" na Assembleia da República, José Luís Ferreira, in observatório do algarve: http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/opinioes_ver.asp?opiniao=766 publicado a 19/5/2010
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