Nas passadas eleições presidenciais, uma parte do povo português determinou que o candidato Cavaco Silva continuasse a ocupar a presidência da República por mais cinco anos. Uma maioria absoluta de votos, que afinal foi só uma escassa minoria de apenas 23% dos cidadãos com direito a voto, fez uma determinada escolha para o país.
Fez, no entanto, a escolha que menos favorece os interesses da maioria dos cidadãos, especialmente daqueles mais pobres e necessitados, e que menos favorece a defesa dos interesses do país, especialmente os que incomodam a cobiça dos chamados “mercados internacionais” (eufemismo que eleva à categoria de ser abstracto entidades financeiras, com nome e apelido, que praticam impunemente a usura). Assim, depois destas eleições tudo vai continuar igual. Isto é, tudo vai continuar, como até agora, cada vez pior.
Mas a análise destas eleições parece revelar, sobretudo, a existência de algumas grandes ingenuidades. Primeiro, a ingenuidade dos abstencionistas que acham que o seu voto nada decide ou que para nada serve. Na realidade, os abstencionistas foram maioria nas eleições, os autênticos ganhadores, representando 53% dos eleitores a nível nacional. Eles podiam ter decidido. Mas, renunciando ao seu direito, converteram-se em cúmplices, voluntários ou involuntários, do resultado eleitoral.
Há cidadãos que pensam que as eleições nada têm a ver com eles, ou que eles não têm nada a ver com a política. Como se não fossem decisões políticas, só políticas, aquelas que determinarão as suas futuras condições de vida. Como se, na verdade, eles não fossem já afectados pelas políticas actualmente em curso, com cortes nos salários, subida dos impostos, redução das prestações sociais, degradação das condições ambientais e de saúde…
Há também quem pense que todos os candidatos são iguais, ou que todos alinham na corrupção generalizada no país. Certo é que os candidatos do bloco central, instalados há muito tempo no poder, são cada vez mais parecidos. Mas o mundo não acaba nestes candidatos. Existem outros diferentes. E, caso não os houvesse, caberia à responsabilidade dos cidadãos a criação de novas candidaturas em sintonia com os seus interesses, sem esperar que o candidato ideal chegue milagrosamente caído do céu.
Há igualmente alguma ingenuidade naquelas pessoas que votam em branco pensando que isso significa um sinal de protesto, que produz alguma transformação no sistema, ou que vai mesmo abalar os actuais governantes. Eles, como está demonstrado, não ficam nada abalados. Seriam capazes de continuar a governar, sem grandes problemas de consciência, com 90% de votos em branco ou com uma abstenção de igual ordem. Para eles, o voto em branco nada significa, e a abstenção muito menos.
E ainda existe a ingenuidade de quem entrega o seu voto a candidaturas bizarras ou de simples protesto, tratando de manifestar assim a sua ofuscação e desencanto. Mas estes votos pouco mais fazem do que os votos em branco ou a abstenção.
Falando de processos eleitorais, há também quem pense, ingenuamente, que a democracia se baseia unicamente na realização de eleições cada quatro ou cinco anos. E que, nos intervalos, os cidadãos devem abandonar qualquer participação política ou cívica, resignando-se a uma apática submissão ao poder eleito. A democracia, na realidade, baseia-se na contínua e activa participação dos cidadãos em todas as decisões políticas, tanto nos processos eleitorais como, especialmente, fora deles, em qualquer tipo de foros ou âmbitos de tomada de decisões. São os próprios cidadãos que devem determinar em todo momento a forma em que querem viver em sociedade, sem renunciar a esse direito durante os quatro ou cinco anos que separam umas eleições de outras. A democracia exige dos cidadãos uma atitude participativa que fica bem longe, muito longe, da apatia e do desencanto manifestado nestas últimas eleições.
Mas a análise destas eleições parece revelar, sobretudo, a existência de algumas grandes ingenuidades. Primeiro, a ingenuidade dos abstencionistas que acham que o seu voto nada decide ou que para nada serve. Na realidade, os abstencionistas foram maioria nas eleições, os autênticos ganhadores, representando 53% dos eleitores a nível nacional. Eles podiam ter decidido. Mas, renunciando ao seu direito, converteram-se em cúmplices, voluntários ou involuntários, do resultado eleitoral.
Há cidadãos que pensam que as eleições nada têm a ver com eles, ou que eles não têm nada a ver com a política. Como se não fossem decisões políticas, só políticas, aquelas que determinarão as suas futuras condições de vida. Como se, na verdade, eles não fossem já afectados pelas políticas actualmente em curso, com cortes nos salários, subida dos impostos, redução das prestações sociais, degradação das condições ambientais e de saúde…
Há também quem pense que todos os candidatos são iguais, ou que todos alinham na corrupção generalizada no país. Certo é que os candidatos do bloco central, instalados há muito tempo no poder, são cada vez mais parecidos. Mas o mundo não acaba nestes candidatos. Existem outros diferentes. E, caso não os houvesse, caberia à responsabilidade dos cidadãos a criação de novas candidaturas em sintonia com os seus interesses, sem esperar que o candidato ideal chegue milagrosamente caído do céu.
Há igualmente alguma ingenuidade naquelas pessoas que votam em branco pensando que isso significa um sinal de protesto, que produz alguma transformação no sistema, ou que vai mesmo abalar os actuais governantes. Eles, como está demonstrado, não ficam nada abalados. Seriam capazes de continuar a governar, sem grandes problemas de consciência, com 90% de votos em branco ou com uma abstenção de igual ordem. Para eles, o voto em branco nada significa, e a abstenção muito menos.
E ainda existe a ingenuidade de quem entrega o seu voto a candidaturas bizarras ou de simples protesto, tratando de manifestar assim a sua ofuscação e desencanto. Mas estes votos pouco mais fazem do que os votos em branco ou a abstenção.
Falando de processos eleitorais, há também quem pense, ingenuamente, que a democracia se baseia unicamente na realização de eleições cada quatro ou cinco anos. E que, nos intervalos, os cidadãos devem abandonar qualquer participação política ou cívica, resignando-se a uma apática submissão ao poder eleito. A democracia, na realidade, baseia-se na contínua e activa participação dos cidadãos em todas as decisões políticas, tanto nos processos eleitorais como, especialmente, fora deles, em qualquer tipo de foros ou âmbitos de tomada de decisões. São os próprios cidadãos que devem determinar em todo momento a forma em que querem viver em sociedade, sem renunciar a esse direito durante os quatro ou cinco anos que separam umas eleições de outras. A democracia exige dos cidadãos uma atitude participativa que fica bem longe, muito longe, da apatia e do desencanto manifestado nestas últimas eleições.
Sem comentários:
Enviar um comentário