quinta-feira, 14 de julho de 2011

TRANSPORTE FERROVIÁRIO: UM BEM MAIOR


A promoção e valorização do transporte ferroviário é determinante para o desenvolvimento do país.


Trata-se de um transporte que contribui directamente para a diminuição de gases com efeito de estufa (porque, se usado em escala, diminui a componente rodoviária, que é uma contribuinte excessiva para a emissão de gases), assumindo, assim, uma relevância importante para os nossos compromissos internacionais relativos ao combate às alterações climáticas.

Mas, mais do que isso, o transporte ferroviário, se valorizado e modernizado, é rápido, seguro e confortável, garantindo assim um dos direitos básicos das populações, que se traduz no seu direito à mobilidade e potenciando o crescimento económico, com a aproximação das diversas regiões e de extraordinária eficácia para o transporte de mercadorias

Dito isto, é legítimo questionar: se assim é, e com efeito reconhecido por todos, por que razão nas últimas décadas se encerraram centenas de quilómetros de rede ferroviária no território nacional e se “mete sempre na calha” a forte possibilidade de encerramento de mais umas centenas?

Com efeito, torna-se absolutamente incompreensível a desvalorização a que continuamente o transporte ferroviário tem sido sujeito e a lentidão a que se têm dado respostas a situações gritantes de necessidade de modernização da rede ferroviária. Entre tantas outras hipóteses a aventar, para justificar esta incompetência, há uma que se torna translúcida: falta de visão estratégica, tem sido política recorrente da CP e de diversos Governos neste país.

Uma coisa é certa e sabida: não há rede de transportes que se sustente, se a empresa que a gere não promover o aliciamento do uso desse transporte. Ora, com redução de horários, com encerramento de troços, com supressão de ligações directas, entre outras coisas, não há sustentabilidade possível. Quanto mais diminuto a empresa tornar o serviço, mais problemas financeiros terá (ao contrário do que tantas vezes se quer fazer crer), porque isso afastará pessoas e a riqueza a gerar nesta oferta de serviço público são os utentes.

"Os Verdes", no primeiro debate com o 1º Ministro, pediram uma clarificação sobre o que significa o redimensionamento da rede ferroviária, inscrito no programa do Governo. O 1º Ministro não foi claro na resposta e o nosso receio cresceu! Privatizar é a única resposta que o Governo parece tentado a dar... vender a saldo muitos sectores estratégicos no país. Adivinha-se que vai pagar a génese da privatização (o lucro a ser distribuído pelos accionistas)? Sempre os mesmos, é evidente!

É por tudo isto, e por muito mais, que o PEV no próximo dia 26 de Julho, vai realizar, na Assembleia da República, uma audição pública, para a qual estão convidados todos os defensores do transporte ferroviário. Juntos encontraremos as melhores formas de chamar à razão estes governantes que pensam demasiado pequenino para uma resposta com um potencial tão elevado, como é o caso do transporte ferroviário.

Artigo da Deputada de "Os Verdes", Heloísa Apolónia para o Setúbal na Rede

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