segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Desviar Atenções – Choca-nos!


No dia 16 de Novembro de 2009 todos nós vimos e ouvimos nos noticiários uma reportagem sobre a crise actual tendo como pano de fundo a diminuição do poder de compra dos portugueses. A referida diminuição do poder de compra atinge especialmente os mais velhos que sentem cada vez mais dificuldades em comprar medicamentos e alimentação, acentuando cada vez mais a adopção do sistema de fiado.
Desta reportagem destacamos duas situações que nos chocaram profundamente: a primeira, tinha a ver com uma senhora mais velha que ao dirigir-se à farmácia, com uma receita prescrita pelo médico de família, perguntou ao farmacêutico qual era o medicamento mais barato, pois seria esse que ia levar uma vez que não tinha dinheiro para mais; a outra situação reporta-se a um comerciante que referiu que muitas das pessoas que pediam fiado estavam sempre a perguntar em quanto ia a conta e, ao atingir os € 20,00, já não queriam levar mais mercearias porque não poderiam suportar contas mais elevadas!
Muito embora não hajam coincidências, neste dia 16 de Novembro, para além de termos passado pelo espaço contíguo (arcadas) aos Ministérios, situados no Terreiro do Paço, em Lisboa e, termo-nos deparado com uma realidade crua e nua – o aumento dos sem abrigo que ali vivem fazendo da rua a sua casa, alguns deles invadidos por um sentimento de pertença, reclamavam pelo lugar que, no dia anterior, lhes tinha servido de abrigo e, porque chegaram mais tarde, tinha sido ocupado por outro e como tal queriam o seu lugar – assistimos, na televisão, ao programa Prós e Contras, sobre um eventual referendo relacionado com o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Apesar de considerarmos que na data acima referida o programa Prós e Contras deveria ter tido, como pano de fundo, a discussão sobre o reconhecimento do direito ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e não debater-se a possibilidade da realização ou não de um referendo, constatamos que o devaneio de um referendo surge, porque os partidos de direita, teimam em não aceitar a homossexualidade, não reconhecer os direitos aos homossexuais revelando, desta forma, que são contra o casamento com direitos entre pessoas do mesmo sexo. Aliás, o motivo que leva a direita a reclamar o referendo, não reside nas suas preocupações em acabar com as discriminações, mas sim, por saber que a nível da Assembleia da República esta situação pode ficar resolvida pelos partidos de esquerda, já que os votos do PS, BE, PCP e Verdes, são suficientes para remover essa discriminação do nosso ordenamento jurídico. È esta e apenas esta, a única razão que está por trás da exigência do referendo.
Apraz-nos e respeitamos todas as lutas pelas conquistas de direitos, pela igualdade seja ela qual for, mas a situação ocorrida deixa transparecer alguma inquinação, um desviar de atenções para uma proposta despropositada de referendo, descurando o tratamento dos graves assuntos sociais, esses sim, que inquinam o país e isso choca-nos!
É mais do que certo que todas as pessoas têm direito a viver, com direitos, com a pessoa que escolheram para partilhar a vida, independentemente do género. Os afectos não se decretam.
A tradição já não é o que era e, ao longo dos tempos, muitas situações foram seguindo a evolução natural das coisas.
Como exemplo citamos o casamento, que ao longo dos tempos, deixou de ser para toda a vida, perdendo o seu “carácter perpétuo”, e, hoje em dia as pessoas já se podem divorciar.
Por outro lado, a aceitação daquilo que sempre foi, que sempre existiu e cujo preconceito muitas vidas destruiu, exige-se. Afinal, é apenas natural que nos aceitemos, diferentes ou não, e evoluamos socialmente, como seres evolutivos que somos!
Seja homem ou mulher as pessoas devem amar quem quiserem, com direitos. Nesta senda, o PEV – Partido Ecologista “Os Verdes” apresentou no dia 30 de Outubro, o seu Projecto de Lei, que garante o direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Depois de tanto debate em torno desta matéria, já não faz sentido qualquer tipo de discussão e referendo. Direitos são para serem assegurados e vividos.
A população, especialmente os mais velhos estão a viver no limiar da pobreza.
O desemprego aumenta, muitos abalam das empresas, das fábricas depois dos 40 anos, idade em que o mercado de trabalho começa a fechar portas, preferindo pessoas com menos de 40 anos!
É urgente canalizar forças para tratar, com seriedade, todos os problemas sociais que tendem a agravar.
É urgente olhar para as pessoas mais velhas como pessoas que já contribuíram para o desenvolvimento do país com o seu trabalho e não como um peso para a economia.
É urgente tomar medidas para que o desemprego diminua, para que quem fica desempregado depois dos 40 anos não veja as portas do mercado a fecharem-se.
É urgente apostar seriamente nas pequenas e médias empresas as grandes empregadoras deste país.
É urgente apostar numa nova política dos sectores da saúde, transportes, água, educação e ambiente.
Nós sabemos o que a população precisa e queremos-lhe prestar o melhor serviço, por isso, exigimos uma nova política económica e não esta que tem sido praticada, que tem vindo a sacrificar cada vez mais os vencimentos e as reformas das pessoas.
Com o primeiro-ministro José Sócrates tudo acontece desde o aumento das taxas moderadoras, a diminuição da comparticipação dos medicamentos, ou seja, o acesso à saúde cada vez mais caro, a par do encerramento de algumas unidades de saúde, o desemprego, só para citar alguns exemplos.
Artigo de opinião de Jorge Manuel Taylor, Dirigente do PEV – Partido Ecologista “Os Verdes”.

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