terça-feira, 10 de novembro de 2009

Alimentação mais saudável e sustentável


A importância e a necessidade de uma nova consciência colectiva perante a produção e consumo mais sustentável dos alimentos que chegam à nossa mesa, bem como sobre os impactes na saúde e no ambiente da produção alimentar.

Já ninguém põe em causa que existe uma relação estreita entre o que comemos e a nossa saúde. Por isso, mesmo sem grandes mudanças da nossa rotina alimentar, percebemos por exemplo que os pesticidas das hortaliças podem não matar só as pragas, que os transgénicos são uma bomba-relógio ou que os antibióticos nas rações acabam por promover as bactérias resistentes que depois nos vão infectar em momentos de debilidade.

E quem se dá ao trabalho de procurar para além da prateleira do hipermercado começa a familiarizar-se com os alimentos de produção local, biológicos, da época, e até mesmo provenientes de sementes tradicionais ou com garantias de pagamento justo para os produtores.

Mas quem pensar em alimentação por mais do que uns minutos vai necessariamente chegar à conclusão de que não basta tentar criar uma campânula isolante à nossa volta (e da nossa família) e escolher criteriosamente o que se põe na mesa para garantir que a produção alimentar nos traz saúde. Quando passa uma avioneta a espalhar herbicida ou insecticida por um terreno agrícola, como é que podemos evitar respirar o ar contaminado? Não podemos.

A um nível mais global a questão torna-se ainda mais evidente. Estima-se que a agricultura seja responsável por 17 a 32% de todas as emissões não naturais de gases com efeito de estufa, ou seja a nossa maneira de comer faz mal ao planeta, e isso, por sua vez, começa a fazer-nos mal à saúde.

Além disso, o mais elementar conceito de justiça requer que não sejam apenas os mais ricos ou informados a ter acesso a alimentos realmente nutritivos, limpos e equilibrados. Estamos todos no mesmo barco, pelo menos no que toca às consequências da alimentação. E as reais soluções de que precisamos tocam tão fundo no sistema produtivo, implicam com tantos interesses económicos e exigem mudanças tão drásticas ao nível da atitude perante o consumo, que é fácil desanimar e pensar em voltar para dentro da tal campânula. No entanto o instinto de sobrevivência – porque é de sobrevivência que se trata – acaba por falar mais alto. E as soluções começam a construir-se devagarinho.

Há organizações onde todos podemos colaborar como voluntários fazendo pressão política e sensibilização social, como por exemplo a Plataforma Transgénicos Fora. Além disso, e porque comemos todos os dias, podemos usar cada euro que gastamos para fins alimentares como um voto que define o que queremos promover e o que preferimos boicotar. A indústria alimentar é particularmente sensível às posições dos consumidores e acaba por ouvir, mais cedo ou mais tarde.

Se algum caminho vai mostrar o que é uma agricultura sustentável e para todos, vai ser o caminho que nós, cidadãos anónimos, podemos traçar em conjunção de esforços. Não é preciso muito para começar. Um terreno baldio pode ser o princípio de uma horta comunitária. E até um vaso numa varanda é um princípio pois o bocadinho de salsa ou cebolinho que nós produzimos torna-se o símbolo da nossa procura, em direcção a uma real soberania sobre o que comemos.

Fonte: Portal de Ambiente e Sustentabilidade

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